Céu
Ontem enquanto masturbava-me pensando numa puta que quase engravidei uns meses atrás, lembrei de uma vez que uma menina me respondeu com uma piada boba. Perguntei, depois de procurar alguns minutos, com a mania de falar como quem escreve num bate-papo:
– Cadê meu “cel”?
– Tá aqui, amor – a menina me respondeu, sentada na minha cama, com um sorriso sincero e os braços abertos esperando um abraço.
Às vezes sem querer, enquanto procuro a merda do celular embaixo da cama ou entre tampas de panela que uso como cinzeiro e a lembrança do céu que eu mal percebia enquanto ainda havia bonança e a brisa fresca de nossas pizzas de sábado e os filmes sem noção do Lynch de madrugada, eu ainda posso ver as nuvens se abrindo quando a porta do ônibus se abre ou toca o celular e não o lençol gigante cheio de luzes mortas.
E eu posso dizer que punheta nenhuma sobreviveria a uma lembrança dessas. O abraço, que eu na hora dei cheio de um afeto apaixonado e sem escrúpulos, dias depois se tornou uma ausência que vez ou outra senta na minha cama, ouve a minha música, lê meus livros. E nessas horas não resta muita coisa a se fazer a não ser sentar com aquela ausência, oferecer um trago, balbuciar frases antigas, cantar algum trecho de uma música indie melosa e fingir que aquele vazio canta com você.
É… Nada pior do que quando a culpa mata uma foda. Mesmo que artificial.
(Poeta Bastardo)