Stefanie

Stefanie, no hay dolor mas atroz que ser feliz,
decías anoche ouve-me, por favor, bésame aquí.
Stefanie, sé que tu corazón fala de mim
y eso es dolor, Stefanie.

Stefanie, yo ayer estaba solo y hoy también
pero en mi cama ha quedado el perfume de tu piel.
Te veo salir, correr por el pasillo del hotel,
la vida es cruel, Stefanie.

Stefanie, hay una sombra oscura tras de ti;
de tu ternura, recuerdo la mirada azul turquí,
los pies calientes, tus palabras de amor en portugués,
pero no a ti, Stefanie.

Stefanie, hazme saber si va a sobrevivir
entre la gente, el color de tu pelo, Stefanie.
Debes vivir la soledad que sales a vender
sé más mujer, Stefanie.

Stefanie, yo tampoco te quiero, mas tu amor
por el dinero ha olvidado al obrero y al señor;
esta canción que pregunta por ti, que no ha dormido,
es puro olvido, Stefanie.

(Alfredo Zitarrosa)



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Categoria: Poesia |
| Postado em: 25.03.14

Eu não quero o Presente, quero a Realidade

Imagem by Antonia D’Orazio

Vive, dizes, no presente,
Vive só no presente.

Mas eu não quero o presente, quero a realidade;
Quero as coisas que existem, não o tempo que as mede.

O que é o presente?
É uma coisa relativa ao passado e ao futuro.
É uma coisa que existe em virtude de outras coisas existirem.
Eu quero só a realidade, as coisas sem presente.

Não quero incluir o tempo no meu esquema.
Não quero pensar nas coisas como presentes; quero pensar nelas
como coisas.

Não quero separá-las de si-próprias, tratando-as por presentes.

Eu nem por reais as devia tratar.
Eu não as devia tratar por nada.

Eu devia vê-las, apenas vê-las;
Vê-las até não poder pensar nelas,
Vê-las sem tempo, nem espaço,
Ver podendo dispensar tudo menos o que se vê.
É esta a ciência de ver, que não é nenhuma.

(Alberto Caeiro – Heterônimo de Fernando Pessoa)



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Categoria: Poesia |
| Postado em: 23.03.14

#1

Não há graça
nem rodeios.

Se eu levantasse
a leveza que há
nos sonhos

Indicaria caminhos
novos, dias outros

a manhã desceria mais
calma, a memória
viria mais bela.

Mas não há absurdo
que maltrate sem razão.

Agora é só moldura
Numa casa de alegrias

à venda.



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Categoria: Poesia |
| Postado em: 19.03.14

Quem?

Chorou tanto que
inundou a cidade.

Saiu no jornal.
Comentou a mãe de família…
Foi piada e foi tristeza.

Discussão de bar e mesa.

Fez nadar os secos
porque nada é eco.

Faz lembrar:

Quem que chora?

(Poeta Bastardo)



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Categoria: Poesia |
| Postado em: 19.03.14

Não me basta pensar

Imagem by Naoto Hattori

Não me basta pensar,
Sem estar presente
Nesse aqui agora.
Porque não se deve
Excluir momentos
Que já não nos pertencem
Para esse agora suportar
Toda imensidão que é
Viver e ser alguém
Melhor gradativamente
Sem vaidade e aparência
Sem tratar como coisa qualquer
A experiência – memória – realidade
Para que a inconsciência deixe
Em paz aqueles que não
Sabem o que fazem
E continuam fazendo
Sem se dar conta
Cabe a nós o despertar
De uma consciência ativa
Capaz de mobilizar o ser humano
Chocar os chefes do novo mundo
Que representam os próprios slogans
Exaltando a força
Os conflitos armados
Mas que esse agora
Esteja acessível
Nessa evolução que
Devemos suportar.

(Poeta Bastardo)



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Categoria: Poesia |
| Postado em: 18.03.14

Casi todas las veces

Casi todas las veces
Conozco tu ternura
Como la misma palma de mi mano.
A veces entre sueños la recuerdo
Como si ya la hubiese perdido alguna vez.
Casi todas las noches
Casi todas las veces que me duermo
En ese mismo instante
Tú con tu suave abrazo me confinas
Me rodeas
Me envuelves en la tibia caverna de tu sueño
Y apoyas mi cabeza sobre tu hombro.

(Idea Vilariño)



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Categoria: Poesia |
| Postado em: 17.03.14

Chamado Selvagem

*

Despertou do torpor ritualístico ao qual estava encarcerado. Pensou nos aspectos mais importantes de sua condição, naquelas pequenas coisas triviais aos quais os repugnantes humanos não se dão conta. Primeiramente pensou seu sistema circulatório, alongou-se, retirando-se da letargia, daquele rigor mortis. Tudo estava nos detalhes. Pensou em batimentos cardíacos, 60 batimentos cardíacos por minuto em situação de repouso, 130 batimentos por minuto em situação de esforço. Lembrou-se de respirar, num mesmo ritmo sistólico e diastólico. Poucos eram os artistas capazes de lembrar todas as sutilezas da existência humana, era uma arte que apenas algumas pessoas ligadas à tanatologia poderiam apreciar.

Cada pequena micro ação, micro função, cuidadosamente calculada pelo córtex frontal, a quantidade exata de força aplicada aos músculos, o peso correto sobre os ossos e ligamentos, tudo equilibrado e quantificado. Um esforço constante para manter o rebanho seguro de suas crenças e não chamar a atenção indevida. Tal esforço não seria nada se o toque final fosse mal feito, os olhos…

Os malditos olhos eram a parte mais complicada de toda arte. E ele como um ourives criava os olhos mais belos que se podia criar, dominava a arte como nenhum outro era capaz de fazer. Os poucos de sua espécie iam até ele para aprender a disfarçar os olhos tão bem como o que ele fazia. Mas sua arte era muito requintada, não era apenas cor, brilho e sangue. Seus olhos demonstravam alma…

Os olhos que conseguia fazer para si deixariam Michelangelo envergonhado de sua Pietà. Era um grande artista, um grande artista das sombras, um verdadeiro marginal na terra de Nod. Todo esse trabalho artístico jamais poderia ser apreciado, ninguém jamais saberia o esforço hercúleo para humanizar-se e o quão repugnante era misturar-se com o esses seres de barro, lama e fezes.

Éramos faraós e um dos nossos se deixou enganar por truques e palavras de um charlatão! Éramos incubus e sucubus, éramos Itzamna, Hunhunahpu, Hunbatz, Hunchouen; éramos os governantes deste mundo. Então pensamos que não era o bastante. Queríamos mais… Queríamos a própria humanidade, sua estupidez, ignorância, luxuria e excrescência. Não nos bastávamos. Não. Tínhamos que nos rebaixar mais. De deuses passamos aos sábios, de sábios passamos a filósofos, de filósofos a políticos, de políticos a professores, e de professores a mitos. Escondemo-nos tanto. Fingimos tanto, que já não sabemos quem somos. Tão perdidos como o rebanho…

Ah, mas eu não… Eu nunca me esqueço.

(Poeta Mórbido)



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Categoria: Chamado Selvagem |
| Postado em: 8.03.14

Os versos que te fiz

Deixe dizer-te os lindos versos raros
Que a minha boca tem pra te dizer!
São talhados em mármore de Paros
Cinzelados por mim pra te oferecer.

Tem dolencia de veludo caros,
São como sedas pálidas a arder…
Deixa dizer-te os lindos versos raros
Que foram feitos pra te endoidecer!

Mas, meu Amor, eu não te digo ainda…
Que a boca da mulher é sempre linda
Se dentro guarda um verso que não diz!

Amo-te tanto! E nunca te beijei…
E nesse beijo, Amor, que eu te não dei
Guardo os versos mais lindos que te fiz.

(Florbela Espanca)



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Categoria: Poesia |
| Postado em: 2.03.14

Poema 20

autoria:

Imagem by Bru Fedoce

Puedo escribir los versos más tristes esta noche.
Escribir, por ejemplo: “La noche está estrellada,
y tiritan, azules, los astros, a lo lejos.”

El viento de la noche gira en el cielo y canta.

Puedo escribir los versos más tristes esta noche.
Yo la quise, y a veces ella también me quiso.

En las noches como ésta la tuve entre mis brazos.
La besé tantas veces bajo el cielo infinito.

Ella me quiso, a veces yo también la quería.
Cómo no haber amado sus grandes ojos fijos.

Puedo escribir los versos más tristes esta noche.
Pensar que no la tengo. Sentir que la he perdido.

Oír la noche inmensa, más inmensa sin ella.
Y el verso cae al alma como al pasto el rocío.

Qué importa que mi amor no pudiera guardarla.
La noche está estrellada y ella no está conmigo.

Eso es todo. A lo lejos alguien canta. A lo lejos.
Mi alma no se contenta con haberla perdido.

Como para acercarla mi mirada la busca.
Mi corazón la busca, y ella no está conmigo.

La misma noche que hace blanquear los mismos árboles.
Nosotros, los de entonces, ya no somos los mismos.

Ya no la quiero, es cierto, pero cuánto la quise.
Mi voz buscaba el viento para tocar su oído.

De otro. Será de otro. Como antes de mis besos.
Su voz, su cuerpo claro. Sus ojos infinitos.

Ya no la quiero, es cierto, pero tal vez la quiero.
Es tan corto el amor, y es tan largo el olvido.

Porque en noches como ésta la tuve entre mis brazos,
Mi alma no se contenta con haberla perdido.

Aunque éste sea el último dolor que ella me causa,
y éstos sean los últimos versos que yo le escribo.

(Pablo Neruda)



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Categoria: Poesia |
| Postado em: 28.02.14

Farewell

autoria:

Desde el fondo de ti, y arrodillado,
un niño triste como yo, nos mira.

Por esa vida que arderá en sus venas
tendrían que amarrarse nuestras vidas.

Por esas manos, hijas de tus manos,
tendrían que matar las manos mías.

Por sus ojos abiertos en la tierra
veré en los tuyos lágrimas un día.

Yo no lo quiero, Amada.

Para que nada nos amarre
que no nos una nada.

Ni la palabra que aromó tu boca,
ni lo que no dijeron tus palabras.

Ni la fiesta de amor que no tuvimos,
ni tus sollozos junto a la ventana.

Amo el amor de los marineros
que besan y se van.

Dejan una promesa.
No vuelven nunca más.

En cada puerto una mujer espera:
los marineros besan y se van.

(Una noche se acuestan con la muerte
en el lecho del mar.)

Amo el amor que se reparte
en besos, lecho y pan.

Amor que puede ser eterno
y puede ser fugaz.

Amor que quiere libertarse
para volver a amar.

Amor divinizado que se acerca
Amor divinizado que se va.

Ya no se encantarán mis ojos en tus ojos,
ya no se endulzará junto a ti mi dolor.

Pero hacia donde vaya llevaré tu mirada
y hacia donde camines llevarás mi dolor.

Fuí tuyo, fuiste mía. ¿Qué más? Juntos hicimos
un recodo en la ruta donde el amor pasó.

Fuí tuyo, fuiste mía. Tú serás del que te ame,
del que corte en tu huerto lo que he sembrado yo.

Yo me voy. Estoy triste: pero siempre estoy triste.
Vengo desde tus brazos. No sé hacia dónde voy.

…Desde tu corazón me dice adiós un niño.
Y yo le digo adiós.

(Pablo Neruda)



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Categoria: Poesia |
| Postado em: 28.02.14